A prática mais comum em relação a boletos no e-commerce era a utilização de contas sem registro. Ou seja, o lojista não precisava registrar dados no banco para utilizar boletos. Isso funcionava porque ele só pagaria por cada venda efetuada.
Mas em junho de 2015, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) recomendou que os bancos parassem de emitir os boletos sem registro. Isso obrigaria as lojas a enviarem aos bancos os dados da pessoa cobrada, como seu endereço, CPF/CNPJ, etc.
Ainda nesse mesmo mês, os bancos passaram a emitir apenas boletos com registro para novos clientes. E o objetivo é que até o início de 2017 todas as operações sem registro sejam completamente extintas. Por causa disso, o impacto no e-commerce será muito grande.
O motivo da extinção
Para entender por que essa decisão foi tomada, é preciso compreender o funcionamento da emissão de boleto sem registro. Toda cobrança emitida por esse meio não é registrada no banco, de modo que ele só receberá quando um pagamento é realizado. Então não é possível que um órgão federal, ou até mesmo uma associação bancária, saiba quem são os agentes da transação comercial.
A Febraban afirma que a recomendação para a extinção desse tipo de emissão é da Receita Federal. O órgão deseja ter mais controle sobre o dinheiro que circula através de boletos bancários. E como para esse tipo de operação os bancos não exigem dados dos clientes na hora da emissão, a Receita não consegue ter o controle da negociação e nem saber quem paga os boletos.
Como isso afeta o e-commerce
A medida afeta principalmente as pequenas e médias empresas de e-commerce. Em média, metade dos boletos emitidos não chega a ser creditada. Como cada boleto gerado pode chegar a um custo de 5 reais, o impacto no lucro de uma loja virtual torna-se imenso.
O lojista tinha a vantagem de só pagar taxas ao banco quando o cliente pagava. Dessa forma, o dono da loja virtual ficava livre de qualquer encargo sobre os boletos emitidos para aqueles clientes que desistiram da compra.
Tudo muda quando o registro passa a ser obrigatório. O processo é totalmente invertido: o lojista precisa pagar na hora da emissão do boleto e não na finalização da compra.
A alternativa que muitos donos de lojas virtuais estão utilizando é fazer com que o cliente pague de outras maneiras. Empresas de e-commerce tentam estratégias para aumentar a taxa de vendas com cartões de crédito e débito, e intermediadores de pagamento (como Paypal e Pagseguro). Uma das formas de pagamento que cresce dia a dia é o pagamento pós-pago, pois ele gera um custo-benefício alto para o lojista.
Se a loja tem sucesso no direcionamento de clientes para outras formas de pagamento, seu lucro tende a aumentar. A porcentagem de quem desiste de comprar com cartões é muito menor do que a de pessoas que optam pelo boleto. Evidentemente, é mais fácil alguém desistir de pagar com dinheiro vivo do que com o dinheiro “virtual” dos cartões. Ou seja, ainda assim é possível tirar vantagem da proibição.